perto na arrancada15/03/2013 | 05h42
Dívida de R$ 360 milhões impõe grandes dificuldades à prefeitura de São Leopoldo
Aníbal Moacir, do PSDB, sucedeu o petista Ary Vanazzi, que contesta os cálculos do atual prefeito
Do prédio da prefeitura, Moacir administra cidade que enfrenta problemas especialmente na saúde
Foto:
Nilson Winter / Prefeitura de São Leopoldo,Divulgação
Carlos Rollsing -carlos.rollsing@zerohora.com.br
Do gabinete no sétimo andar da prefeitura de São Leopoldo, com vista
para o caos da BR-116, Aníbal Moacir (PSDB) procura vislumbrar soluções
às dívidas de curto e longo prazo de R$ 360 milhões herdadas da gestão
de Ary Vanazzi (PT).
A crise financeira, segundo Moacir, contaminou a administração, gerando a paralisação temporária de serviços e obras e a proibição de assinatura de novos convênios para aquisição de verbas devido à inscrição da prefeitura em mecanismos de identificação de devedores.
Veja as principais dívidas que pressionam a prefeitura leopoldense
A dívida, superior ao orçamento de 2012, fixado em R$ 345 milhões, causou prejuízos à gestão ainda durante o governo Vanazzi. Secretarias da prefeitura foram despejadas dos imóveis por inadimplência e, entre julho de 2012 e janeiro de 2013, uma empresa terceirizada suspendeu os serviços de varrição, capina e coleta seletiva de lixo. No ano passado, a prefeitura gastou cerca de R$ 5,5 milhões a mais do que arrecadou por mês. E, assim, fez crescer a dívida.
O principal passivo do município, de R$ 102 milhões, é com o IAPS, o instituto de previdência dos servidores. Do montante, R$ 98 milhões se referem a contribuições previdenciárias. O prefeito Moacir afirma que, desde 2009, o Executivo não fez os depósitos que lhe cabiam. E, além disso, teria retido parte dos valores descontados dos servidores. Na semana passada, a Câmara aprovou o parcelamento da dívida.
— Para sair do Cadin, temos de resolver outras pendências. Verbas carimbadas para a saúde foram utilizadas em outros setores — disse Moacir, que alega ter recebido uma "herança maldita" de Vanazzi.
O tucano rebate acusações de que está transferindo para a população o ônus da crise, com possível diminuição de horários nos postos de saúde e das vagas em creches.
— Não teremos redução na área social e na saúde — assegura Moacir, auxiliado pelo secretário da Fazenda, Gilso Gotardo.
No entanto, ele já tomou uma medida extrema: cancelou a consulta do Orçamento Participativo, marca registrada de gestões petistas, com o argumento de que, antes de eleger novas demandas, é necessário quitar o passivo de R$ 30 milhões em obras atrasadas. Moacir promete uma reforma administrativa para reduzir em 30% os CCs e cortar nove das 29 secretarias.
Vanazzi contesta números apresentados pelo sucessor
No primeiro dos seus dois mandatos em São Leopoldo, Ary Vanazzi (PT) obteve destaque pelos volumosos recursos captados junto ao governo federal para investir em obras de infraestrutura. Ele argumenta que os financiamentos de grandes intervenções urbanas estão contabilizados no montante da dívida anunciada pelo prefeito Aníbal Moacir (PSDB).
— Ele chega nesse valor de R$ 360 milhões porque considera compromissos de longo prazo, como financiamentos de 15 anos, com carência de três ou quatro anos. Em oito anos de governo, contratei R$ 900 milhões em obras que vão acontecer até 2016 — explicou Vanazzi.
Ele assegura que a dívida de curto prazo se limita a R$ 20 milhões. O petista admite que deixou um passivo de R$ 7 milhões nas contribuições da prefeitura com o IAPS, mas nega ter retido valores descontados dos servidores.
— O atual governo parcelou a dívida do IAPS desde 2002, antes de eu assumir. Por isso chegam no valor de R$ 102 milhões — alega Vanazzi, presidente da Famurs.
Ele faz críticas a Moacir, que não compareceu ao encontro com a presidente Dilma Rousseff no final de janeiro, em Brasília, para conhecer as possibilidades de captação de recursos em ministérios do governo federal.
— Não se governa isolado em São Leopoldo. A cidade vai perder muito sem articulação para buscar recursos. Com o dinheiro do caixa da prefeitura, vão morrer de fome — avaliou Vanazzi.
Hospital Centenário segue sendo fonte de preocupação
Um dos principais pontos de desgaste para Ary Vanazzi no segundo mandato, a saúde continua sendo alvo de problemas. O diretor-presidente do Hospital Centenário, Germano Weinmann, diz que a autarquia soma dívida de R$ 14 milhões com fornecedores de medicamentos e equipamentos cirúrgicos. Até o momento, pouco menos de R$ 5 milhões foram pagos aos credores em renegociações.
Mas ainda há outras pendências. Uma área com 20 leitos hospitalares está fechada, sujeita a vazamentos. Isso porque a reforma do telhado nesse setor está parada por determinação do Tribunal de Contas do Estado (TCE), que investiga a licitação.
Também faltam cerca de 12 médicos e a aprovação de um plano de carreira para os profissionais da instituição. O Cremers chegou a decretar intervenção ética, proibindo médicos de trabalhar por falta de condições, mas a prefeitura conseguiu suspender a decisão horas depois, na Justiça.
O Centenário ainda foi alvo da Operação Cosa Nostra, da Polícia Civil, que investigou supostas fraudes envolvendo licitações. Um clima de instabilidade foi instalado com a investigação de pessoas próximas a Vanazzi. Até o atual prefeito, Aníbal Moacir, que é obstetra do hospital, acabou citado por supostamente ter cobrado valores de pacientes para atuar pelo SUS.
O tucano se elegeu prometendo construir um novo hospital anexo ao Centenário, ao custo aproximado de R$ 40 milhões. No entanto, diante do crise financeira, ele admite que a obra dependerá de investimentos privados.
Zero Hora
A crise financeira, segundo Moacir, contaminou a administração, gerando a paralisação temporária de serviços e obras e a proibição de assinatura de novos convênios para aquisição de verbas devido à inscrição da prefeitura em mecanismos de identificação de devedores.
Veja as principais dívidas que pressionam a prefeitura leopoldense
A dívida, superior ao orçamento de 2012, fixado em R$ 345 milhões, causou prejuízos à gestão ainda durante o governo Vanazzi. Secretarias da prefeitura foram despejadas dos imóveis por inadimplência e, entre julho de 2012 e janeiro de 2013, uma empresa terceirizada suspendeu os serviços de varrição, capina e coleta seletiva de lixo. No ano passado, a prefeitura gastou cerca de R$ 5,5 milhões a mais do que arrecadou por mês. E, assim, fez crescer a dívida.
O principal passivo do município, de R$ 102 milhões, é com o IAPS, o instituto de previdência dos servidores. Do montante, R$ 98 milhões se referem a contribuições previdenciárias. O prefeito Moacir afirma que, desde 2009, o Executivo não fez os depósitos que lhe cabiam. E, além disso, teria retido parte dos valores descontados dos servidores. Na semana passada, a Câmara aprovou o parcelamento da dívida.
— Para sair do Cadin, temos de resolver outras pendências. Verbas carimbadas para a saúde foram utilizadas em outros setores — disse Moacir, que alega ter recebido uma "herança maldita" de Vanazzi.
O tucano rebate acusações de que está transferindo para a população o ônus da crise, com possível diminuição de horários nos postos de saúde e das vagas em creches.
— Não teremos redução na área social e na saúde — assegura Moacir, auxiliado pelo secretário da Fazenda, Gilso Gotardo.
No entanto, ele já tomou uma medida extrema: cancelou a consulta do Orçamento Participativo, marca registrada de gestões petistas, com o argumento de que, antes de eleger novas demandas, é necessário quitar o passivo de R$ 30 milhões em obras atrasadas. Moacir promete uma reforma administrativa para reduzir em 30% os CCs e cortar nove das 29 secretarias.
Vanazzi contesta números apresentados pelo sucessor
No primeiro dos seus dois mandatos em São Leopoldo, Ary Vanazzi (PT) obteve destaque pelos volumosos recursos captados junto ao governo federal para investir em obras de infraestrutura. Ele argumenta que os financiamentos de grandes intervenções urbanas estão contabilizados no montante da dívida anunciada pelo prefeito Aníbal Moacir (PSDB).
— Ele chega nesse valor de R$ 360 milhões porque considera compromissos de longo prazo, como financiamentos de 15 anos, com carência de três ou quatro anos. Em oito anos de governo, contratei R$ 900 milhões em obras que vão acontecer até 2016 — explicou Vanazzi.
Ele assegura que a dívida de curto prazo se limita a R$ 20 milhões. O petista admite que deixou um passivo de R$ 7 milhões nas contribuições da prefeitura com o IAPS, mas nega ter retido valores descontados dos servidores.
— O atual governo parcelou a dívida do IAPS desde 2002, antes de eu assumir. Por isso chegam no valor de R$ 102 milhões — alega Vanazzi, presidente da Famurs.
Ele faz críticas a Moacir, que não compareceu ao encontro com a presidente Dilma Rousseff no final de janeiro, em Brasília, para conhecer as possibilidades de captação de recursos em ministérios do governo federal.
— Não se governa isolado em São Leopoldo. A cidade vai perder muito sem articulação para buscar recursos. Com o dinheiro do caixa da prefeitura, vão morrer de fome — avaliou Vanazzi.
Hospital Centenário segue sendo fonte de preocupação
Um dos principais pontos de desgaste para Ary Vanazzi no segundo mandato, a saúde continua sendo alvo de problemas. O diretor-presidente do Hospital Centenário, Germano Weinmann, diz que a autarquia soma dívida de R$ 14 milhões com fornecedores de medicamentos e equipamentos cirúrgicos. Até o momento, pouco menos de R$ 5 milhões foram pagos aos credores em renegociações.
Mas ainda há outras pendências. Uma área com 20 leitos hospitalares está fechada, sujeita a vazamentos. Isso porque a reforma do telhado nesse setor está parada por determinação do Tribunal de Contas do Estado (TCE), que investiga a licitação.
Também faltam cerca de 12 médicos e a aprovação de um plano de carreira para os profissionais da instituição. O Cremers chegou a decretar intervenção ética, proibindo médicos de trabalhar por falta de condições, mas a prefeitura conseguiu suspender a decisão horas depois, na Justiça.
O Centenário ainda foi alvo da Operação Cosa Nostra, da Polícia Civil, que investigou supostas fraudes envolvendo licitações. Um clima de instabilidade foi instalado com a investigação de pessoas próximas a Vanazzi. Até o atual prefeito, Aníbal Moacir, que é obstetra do hospital, acabou citado por supostamente ter cobrado valores de pacientes para atuar pelo SUS.
O tucano se elegeu prometendo construir um novo hospital anexo ao Centenário, ao custo aproximado de R$ 40 milhões. No entanto, diante do crise financeira, ele admite que a obra dependerá de investimentos privados.
Zero Hora
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