Em entrevista ao iG, Rachel comentou sobre a nota de
repúdio e classificou o Sindicato de "irresponsável e inidôneo", já que
ela tem o direito constitucional da livre expressão. A apresentadora
também falou sobre as recorrentes ameaças que tem sofrido pelas redes
sociais e voltou a defender a justiça com as próprias mãos, desde que
não haja o uso da violência. Confira abaixo a entrevista com Rachel
Sheherazade. iG: Você está sendo ameaçada depois dessa polêmica? Em decorrência disso, está com medo de sair nas ruas? Rachel Sheherazade: Graças
às denúncias que faço contra os desmandos do Governo e dos políticos
corruptos, sempre recebo ameaças pela internet, mas não tenho medo de
sair nas ruas. Nunca estou sozinha.
Divulgação/SBT
Rachel Sheherazade
iG: Quando você faz um comentário como esse do menino acorrentado ao poste, imagina as consequências que pode gerar? Rachel Sheherazade: Imagino
que toda opinião gera discussão e retaliações, principalmente se ela
tocar em temas tabu ou envolver denúncias contra políticos e o Governo.
Vivemos num Estado policialesco, onde o Governo vigia cada opinião
livre, e ataca, através de seus braços na sociedade, na mídia e no Poder
público, cada jornalista, intelectual ou artista com pensamento
independente e contrário a todo esse estado de coisas. Quem fala a
verdade, quem denuncia os abusos, se expõe, entra na mira dos poderosos.
Por isso, eles não esquecem o projeto de controle da mídia. Em plena
democracia querem ressuscitar a perseguição aos oponentes, a mordaça, a
censura. O totalitarismo agora só mudou de bandeira.
iG:
Alguns internautas dizem que você tem um posicionamento muito
conservador/reacionário e, com isso, incita a violência. Acredita que
sua análise seja capaz de incitar algum tipo de violência? Rachel Sheherazade: Desconheço
qualquer correlação entre conservadorismo e violência. Conservadores
estão muito mais dispostos à não violência, porque sabem preservar
valores e instituições que eles ajudaram a construir ao longo do tempo,
principalmente a paz. Governos totalitários, como as ditaduras
comunistas e socialistas, é que se valem da violência para se impor à
sociedade. Segundo o Museu Global do Comunismo, o regime matou mais de
100 milhões de pessoas em todo mundo. Na China, foram 65 milhões de
vítimas, na antiga União Soviética, 20 milhões. A Coréia matou 2 milhões
pessoas. O regime vermelho ainda fez um milhão e meio de vítimas no
Afeganistão, um milhão no Vietnã, e em Cuba mais de cem mil acabaram
mortos. iG: Na noite dessa quinta (6), você deu uma
resposta à repercussão do seu comentário na bancada do "SBT Brasil".
Acha que você foi incoerente no discurso, uma vez que diz que o cidadão
tem o direito de se defender, já que o Poder Público não faz a parte
dele? Isso não seria fazer justiça com as próprias mãos e uma incitação à
violência? Rachel Sheherazade: Não vejo
incoerência nenhuma no meu discurso. Disse no comentário e reafirmo:
compreendo a atitude desesperada de pessoas desarmadas, abandonadas à
própria sorte pelo Estado, sem segurança, sem policiamento, de se
defender. A legítima defesa é uma prerrogativa de qualquer indivíduo. Os
jovens que se intitulam 'Justiceiros' também exerceram um outro
direito, previsto no artigo 301 do Código de Processo Penal, que reza:
'Qualquer do povo pode prender quem quer que seja encontrado em
flagrante delito!'. O erro dos “justiceiros” foi usar da violência para
deter o infrator. Mas, nós também não sabemos em que circunstâncias essa
prisão foi feita. Se o infrator estava armado, se reagiu, se tentou se
evadir... Embora não defenda a violência, defendo, sim, e sempre
defenderei o direito de qualquer cidadão proteger seus bens, sua
propriedade e sua vida. iG: Você recebeu alguma orientação por parte do SBT para pegar mais leve nas análises depois da proporção que tomou? Rachel Sheherazade: Não
recebi nenhuma orientação do SBT em relação aos meus comentários. Eles
seguirão no mesmo tom que me é peculiar. Doa a quem doer.
iG:
O que você achou sobre a nota de repúdio divulgada pelo Sindicato dos
Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro e da Comissão
de Ética da mesma entidade? Rachel Sheherazade: Quanto
à nota de repúdio, acredito que o Sindicato dos Jornalistas do Rio de
Janeiro foi irresponsável e inidôneo ao exigir que uma profissional da
imprensa seja punida por exercer seu direito constitucional e
irrevogável de livre expressão. Acredito que basearam seu repúdio no
'ouvi dizer', sequer tendo lido o texto ou assistido ao meu vídeo. Caso
contrário, não teriam redigido uma nota desinformada e descabida como
aquela. Aproveito para perguntar ao mesmo Sindicato dos Jornalistas (que
também deveria me representar) porque não se mobilizou em meu favor,
quando, em 30 de dezembro de 2013, um professor da UFRRJ publicou e
replicou ofensas gravíssimas sobre mim, com mensagens de intolerância
religiosa, e incitação ao estupro? Estou aguardando uma nota de repúdio
do Sindicato até hoje. Também me pergunto se o Ministério Público não
vai representar contra o professor Paulo Ghiraldelli,
meu ofensor, pois já ofereci denúncia junto à Delegacia competente, mas
tudo que obtive até agora foi o silêncio das autoridades. Que espécie de
Justiça seletiva é essa?
Nenhum comentário:
Postar um comentário