sábado, 8 de fevereiro de 2014
PGR, além de denunciar, quer condenar um tucano sem julgamento, passando por cima do STF.
Fui buscar a denúncia original do Mensalão do PT, do então Procurador
Geral da República, Antônio Fernando Barros Silva e Souza, de 30 de
março de 2006. Na peça não existe uma só referência à pena que cada
acusado deveria cumprir. É feita a denúncia, o procurador informa em que
artigo do Código Penal o acusado estaria incurso e o nome do crime (ou
crimes caracterizados) na sua visão. Naquele tanto de acusados, em
nenhuma vez o então PGR definiu a dosimetria das penas. Clique aqui para ler.
Ontem, finalmente, o atual Procurador Geral da República, Rodrigo Janot,
encaminhou a sua denúncia contra o tucano Eduardo Azeredo, no caso
conhecido como Valerioduto Tucano. Para surpresa de todo mundo jurídico,
além de enquadrar o acusado, o PGR definiu a pena que ele deve cumprir,
bem como a multa. Tascou na denúncia: 22 anos de cadeia e R$ 2,2
milhões de multa. Tanto dois! Ora, isso é função dos juízes, após a
condenação. A quem Janot quer agradar gerando este factóide? Está
querendo agradecer alguém pela sua indicação ao cargo? Obviamente, para
dedicar 16 páginas de uma denúncia de 84 páginas, para detalhar a
dosimetria, só pode ser por motivação de ordem política. Clique aqui para ler.
Por fim, o que se observa na denúncia, especialmente no testemunho de
Marcos Valério, é que o mineiro tenta de todas as formas incriminar o
tucano. Dá detalhes fantasiosos. Talvez por uma esperança que não iria
mofar na cadeia, como está agora, abandonado pelo PT.
Concluindo: parece não haver dúvidas de que houve caixa dois
de campanha, como Lula tentou provar que teria havido no Mensalão do PT.
Resta provar se Eduardo Azeredo, o tucano acusado, sabia do que estava
ocorrendo. Lula disse que não sabia e nunca foi chamado a depor. Mesmo
que estivesse no quarto ao lado, com José Alencar, quando foi fechado o
Mensalão com o PL.
Nenhum comentário:
Postar um comentário