CULTURA GAÚCHA,
nesta
página conhecerás de maneira geral um pouco sobre a cultura gaúcha, alguns assuntos
estão aqui relatados, mas terás maiores informações em outras páginas do Pampas
Tradição On Line tem muita coisa interessante esperando por
ti, confira !
Conceitos
TRADICIONALISMO
TRADICIONALISMO
É
um sistema a organizado e planificado de culto, prática e divulgação
desse todo que chamamos de Tradição. Obedece uma hierarquia, possui um
alto programa contido em sua Carta de Princípios, que deve na medida do
possível, realizar e cumprir. Tradição, comparativamente, é o campo das
culturas gauchescas. Tradicionalismo é a técnica de criação, semeadura,
desenvolvimento e proteção das suas riquezas naturais, através de
entidades sociais praticantes desse culto.
É
basicamente um movimento. O tradicionalismo gaúcho é um estado de
consci6encia que busca preservar as boas coisas do passado, com
influência com o progresso, adequando esse procedimento a evolução por
culto e vivência sem desvirtuar a origem.
NATIVISMO
É
a qualidade ou caráter de nativo, do lugar. É exatamente daqui, é
aquele que tem aversão ao estrangeiro. É um aspecto do regionalismo. O
nativismo está dentro de um espaço menor do que o regionalista. Este
vive atua , reverencia um região que pode ter uma abrangência além do
seu território nato, enquanto que o nativista tem a mesma atuação
exclusivamente dentro da área que ele delimita como sendo nativo.
REGIONALISMO
É
corrente artística direcionada aos temas do local onde se desenvolve.
Movimento que trata dos interesses de uma região, que registra a maneira
de falar, de declamar, de cantar , de vestir , de cumprimentar , de se
alimentar . São os mais diversos aspectos de procedimento dos habitantes
de uma região.
O regionalismo envolve todas as particularidades econômicas, culturais e procedimentais de uma região. O regionalismo está dentro do tradicionalismo. Porém, a recíproca nem sempre é verdadeira.
O regionalismo envolve todas as particularidades econômicas, culturais e procedimentais de uma região. O regionalismo está dentro do tradicionalismo. Porém, a recíproca nem sempre é verdadeira.
FOLCLORE
Folclore
é a ciência que estuda os modos de sentir, de agir e as peculiaridades
encontradas nas camadas populares das sociedades civilizadas. Ö o
conjunto preservado pelas tradições populares. Etimologicamente vem do
inglês "folk", o que quer dizer povo e o "Iore", que significa
conhecimento popular. Assim definiu o inglês William John Thoms,
escrevendo a palavra Folclore pela primeira vez. Folclore é a ciência
que estuda os fatos sociais, culturais artísticos e tradicionais de um
povo.
É
a ciência que aglutina as tradições de uma região, expressas em suas
crenças, contos provérbios, lendas , usos e costumes. É a cultura
popular, tornada normativa pela tradição. Alguns folcloristas estendem o
campo do Folclore a todas as sociedades, até as primitivas. Entretanto,
a existência de graus diferentes da mesma cultura é necessário para
caracterizar o fenômeno. Assim o Folclore planta suas raízes no passado
imemorial da sociedade, e se projeta com voz do presente e do futuro.
Temos
como traços culturais que o Folclore participa de um processo geral que
envolve, permanentemente, mecanismos internos, aquisitivos,
desintegrativos e de recombinação e movimentos internos que tomam formas
agressivas ou acomodativa, que por sua vez ocasionam novos processos
internos, ora como toda a modificação no todo, o Folclore modifica-se
sob a ação das várias forças espont6aneas e dirigidas da sociedade, por
sua vez, provoca modificações no todo, que é a sociedade.
GAÚCHO
Nome pelo qual é conhecido o homem do campo na região dos pampas da
Argentina, Uruguai e do Rio Grande do Sul e, por extensão, os nascidos
neste estado brasileiro.
Originariamente, o termo foi aplicado, em sentido pejorativo (como sinônimo
de ladrão de gado e vadio), aos mestiços e índios, espanhóis e
portugueses que naquela região, ainda selvagem, viviam de prear o gado que,
fugindo dos primeiros povoamentos espanhóis, se espalhava e reproduzia
livremente pelas pastagens naturais. Igualmente livre, sem patrão e sem
lei, o gaúcho tornou-se hábil cavaleiro, manejador do laço e da
boleadeira.
No séc. XVIII, foi o gaúcho brasileiro um instrumento de fixação
portuguesa no Brasil meridional, contribuindo para a manutenção das
fronteiras com as regiões platinas. Com o estabelecimento das fazendas de
gado e com a modificação da estrutura de trabalho, o gaúcho perdeu seus hábitos
nômades, enquadrando-se na nova sociedade rural como trabalhador
especializado: era o peão das estâncias.
O reconhecimento de sua habilidade campeira e de sua bravura na guerra
fez com que o termo "gaúcho" perdesse a conotação pejorativa.
Paralelamente, surgiu uma literatura gauchesca, incorporando as lendas de
sua tradição oral e as particularidades dialetais, e exaltando sua
coragem, apego à terra, seu amor e liberdade.
Festas
Terno de Reis
Festividade tradicional, sedimentada nos acontecimentos referidos pela
Sagrada Escritura e herança que nos legaram os portugueses colonizados.
Desenvolve-se, em síntese, assim: O "terno", chegando à frente
de uma casa, faz, sempre em versos, a "Saudação" ao dono da
residência, solicitando permissão para cantar e, ao mesmo tempo,
justificando-se da sua "Chegada". Segue-se, já dentro da habitação
e diante do presépio, a louvação, que gira em torno da "anunciação",
"nascimento", "estrela guia", "Reis Magos",
"adoração", "oferendas", "agradecimento" e
"despedida", através de diversas "estações" que
iniciam às vésperas do dia 25 de dezembro; dia de Natal; de 25 a primeiro
do ano; de primeiro de janeiro a Dia de Reis, e, mesmo, posteriormente.
O objetivo da visita varia de um terno para o outro; alguns, visam
unicamente louvar a memória do menino Jesus. Outros, visam propiciar aos
cantadores uma doce retribuição ao desgaste de suas cordas vocais, através
de fartos comes e bebes que os donos da casa nunca se esquecem de oferecer.
Carreira de Bois
Diversão popular registrada em várias localidades do vale do Jacuí, a
Carreira de Bois na "talha" é uma competição de força e
adestramento entre bois e touros.
A denominação Carreira - expressão popular ainda ligada às antigas
modalidades competitivas entre bois - não mais denota corrida. Os bois
competidores são jungidos em uma canga especial, presa a cambões estirados
por alçaprema ou talha, ligada a um palanque irremovível.
O boi carreiro quase não se afasta do lugar onde está
cangado, embora
forcejando. Considera-se vencedor o animal que sustentar a canga em posição
mais avançada, durante um minuto à frente do outro.
Em qualquer época, os donos dos animais "atam" a Carreira,
isto é, combinam a competição, desde que os bois estejam em condições.
Na manhã do dia escolhido, os contratantes tomam várias providências:
pesagem dos animais, escolha do terreno propício, colocação da tronqueira
ou palanque, com a respectiva escora para a bimbarra ou "talha",
colocação do "morto" (tronco enterrado em uma vala), etc.
A Carreira obedece a regulamentos estipulados oralmente entre os
contratantes. Estes escolhem pessoas consideradas idôneas para ajuizar a
competição: "o cuidado do mau jogo" e o juiz da Carreira.
Como outras modalidades de competição, a Carreira reúne torcidas
animadíssimas, que aos gritos se desafiam, fazendo apostas em dinheiro. A
cancha é, outrossim, ponto de encontro dos vizinhos. Embora as competições
ocorram mais frequentemente à tarde, grande número de pessoas já se
encontra, pela manhã, no local, onde, em botequim improvisado, comercia
comidas e bebidas.
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Jogos
Jogo do Osso
Escolhe-se um chão parelho, nem duro, que faz saltar; nem mole, que
acama; nem areento, que enterra o osso.
É sobre o firme macio, que convém. A cancha com uma braça de largura,
chega, e três de comprimento; no meio bota-se uma raia de piola (cordão,
barbante), amarrada em duas estaquinhas ou mesmo um risco no chão, serve;
de cada cabeça da cancha é que o jogador atira, sobre a raia do centro:
este atira daqui para lá, o outro atira de lá pra cá.
O osso é chamado de taba, que é o osso do garrão de rês vacum. O jogo é
só de culo ou suerte. Culo é quando a taba (o osso) cai com o lado
arredondado pra baixo; quem atira assim perde logo a parada. Suerte é
quando o lado chato fica embaixo: ganha logo e sempre.
Quer dizer: quem atira culo perde, se é suerte ganha e logo arrasta a
parada.
Ao lado da raia do meio fica o coimeiro que é o sujeito depositário da
parada e que a entrega logo ao ganhador. O coimeiro também é quem tira o
baralho - para o pulpeiro (dono da pulperia, taberna ou botequim). Quase
sempre é algum aldragante (vagabundo) velho e sem-vergonha, dizedor de graças.
Sete-Em-Porta
Jogo de cartas, variante do monte. Joga-se com vinte e um ou mais
baralhos, em uma caixa da qual o banqueiro tira duas cartas, fazendo-se
nestas as apostas. Não ficando reservada ao banqueiro nenhuma carta, a
vantagem dele consiste em pagar apenas 50% das apostas quando a carta sai em
porta, quer dizer, quando é a primeira a ser tirada, e, além disso, em
ganhar, em tal caso, o total apostado na outra carta.
Truco
Jogo de cartas entre dois ou quatro parceiros, cada um dos quais recebe
três cartas. Quando é apenas entre duas pessoas chama-se truco de mano.
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Brinquedos
Muitos
pesquisadores têm buscado através de pesquisas em objetos, fotografias e
pinturas a origem dos brinquedos. Alguns museus têm exemplares de
brinquedos encontrados em escavações em diversas partes do mundo,
oriundos de épocas bastante remotas. Com os dados encontrados, é
possível tentar interpretar e explicar o fenômeno brinquedo e o ato de
brincar no contexto histórico dos diversos grupos sociais.
No
contexto folclórico o brinquedo popular é peça fundamental para o
desenvolvimento intelectual e coordenação motora da criança.
O
brinquedo artesanal nunca deixou de ser fabricado, principalmente nas
regiões mais pobres do Brasil, onde o artesanato é o meio de
subsistência da maioria da população.
Arco e Flecha
- Usado pelos meninos indígenas para caçar
passarinhos. O arco foi uma arma que serviu durante muitos séculos para
os nossos antepassados caçarem e para fazerem a guerra.. Para brincar
com o arco colocamos um alvo numa parede a cinco metros de dist6ancia do
arqueiro e fazendo pontaria, esticamos o braço e ao larga-lo de forma
repentina a flecha vai com muita velocidade em direção ao alvo.
Arco e Trava
- Origem indígena, onde os meninos faziam correr uma argola de
tamankurá com o auxílio de um bastão, iam de um lado para o outro, mas
com puçá criatividade. Consiste em fazer rolar um arco de barril ou um
pneu de bicicleta por meio de um cabo de arame ou um pedaço de pau.
Arapuca
- Armadilha pra apanhar pássaros pequenos ,
feita de pauzinhos, geralmente de taquara, cada vez mais curtos,
dispostos em forma piramidal. Arma-se com um haste de ponta fina que
fica suspensa e presa pelo barbante com uma espiga de milho fixa na
extremidade, embaixo da arapuca. Quando o pássaro vem comer, a arapuca
desarma e ele fica preso.
Aviãozinho de Lata
- Feito de lata de azeite recortada. Amarrado com um barbante longo, na
ponta de uma taquara comprida. Brinca-se fazendo-o girar no céu.
Bilboquê
- A técnica do jogo se reduz a encaçapar o
pau sustentado com firmeza na mão, a bola, ou a que se imprime movendo
para cima, isto requer uma prática e educação da vista.
Bodoque
- Origem indígena. Também chamado de atiradeiras ou estilingues pelas
crianças gaúchas, era usado para tiro ao alvo , caça de passarinho, etc.
Feita com uma forquilha de árvore e duas tiras de borracha, um pedaço
de couro cru e quatro tiras pequenas de borracha para amarrar.
Bois de Sabugo
- Brinquedo tradicional do pampas gaúchos.
Cortam-se os sabugos ao meio e colocam-se as pernas e as aspas com
pequenos pedaços de gravetos.
Bola de Meia
- A bola de meia surgiu da meia usada pelo homem, sem furo, de
preferência de algodão.Enche-a a meia de papel , de preferência de
jornal amassado, dando forma de bola. Depois é só colocar a bola no
campo, e viver a emoção de jogar um futebol.
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Literatura
A lista a seguir não possui textos exclusivamente tradicionalistas, mas
é uma homenagem a todos os homens e mulheres que escrevem a história deste
Rio Grande.
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Música
Títulos de Música
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Danças
Valsa
O
compasso ternário como dança é muito antigo. Originária das danças
tirolezas austríacas. Entretanto com o título de valsa somente aparece
no Séc. XVII e se realiza nos bailados de óperas no Séc. XVIII. Chega ao
seu apogeu no Séc. XIX, com as "Valsas Vienenses" estilizadas pelos
músicos e compositores da famílias Strauss.
Veio
para o Brasil nos fins do Séc. XVIII era conhecida "valsa figurada",
trazida pelos portugueses. No Séc. XIX foi difundida e dançada a valsa
de par com todas as pompas do Reino e do Império. Hoje, no sul do país a
valsa ganhou seu estilo próprio, ritmo e dança. Adaptou-se aos costumes
e maneiras do peão gaúcho.
Chotes
Dança de salão originária da Hungria. O "Schottisch" invadiu a França, Alemanha e Inglaterra no Séc. XIX.
Apareceu
no Brasil no período Regencial e foi moda no Segundo Império. De norte a
sul o chotes é uma dança muito popular, cantado ou somente em solo
instrumental.
É dançado em pares com três passos comuns diferentes: um e um, dois e dois ou dois e um.
No
Rio Grande do Sul, além dos passos comuns, dança-se o chotes marcado e
também, principalmente, entre os descendentes da imigração açoriana,
dançam o chotes afigurado sem limites de passos e figuras.
Em Santa Catarina também é dançado os passos comuns, chotes afigurado, chotes marcado e chotes contra-passo.
No Paraná, além dos passos comuns é mais dançado o chotes marcado, ou seja: uma marcação e um valseio de um em um passo.
Nas colônias de origem alemã e italiana dança-se chotes de carreirinha e chotes de quatro passos.
Milonga
Dança
argentina ao som de guitarras muito popular no Uruguai de onde entrou
para o Brasil. Hoje aculturada no pampa gaúcho, faz parte do acervo
musical do sul brasileiro.
Rancheira
Dança
de origem árabe. Trazida e estilizada na Argentina. No rio Grande do
Sul o ritmo é mais vivo e a coreografia mais saltitante, estilo popular.
Vanera
Habanera
ou Havanera - dança e canto popular originária de Havana - Cuba. Ritmo
em 2/4 sendo o primeiro tempo forte e bem acentuado. Música popular em
quase todos os países espano-americanos.
No
Rio Grande do Sul foi muito usada pelas Bandas das colônias de
imigração italiana. Nos campos, os gaiteiros gaúchos denominavam de
"vanera" e fez deste ritmo o mais amplo repertório para animação de
fandangos, bailantas e festas gauchescas.
Bugio
"BUGIU"
de Bugio - ritmo gaúcho de origem muito remota - fins do Séc. XIX.
Dança de peões com chinas indígenas, sob qualquer som musical da época.
No início do Séc. XX já era dançado ao som de gaitas de botão, mas ainda
como dança não social. Na década de 50 o bugiu foi requintado com
arranjos de gaitas apianadas e na década de 60 passou a Ter letra
própria enfocando a presença do macaco bugio no contexto da letra. Hoje o
Bugiu é dança de salão e deu origem a grandes festivais como "Ronco do
Bugiu" em São Francisco de Paula e "Querência do Bugiu" em São Francisco
de Assis.
Fonte: livro SOM BERTUSSI, Adelar Bertussi e Waldir Teixeira
Chimarrita
Quando os colonos açorianos, na segunda metade do século XVIII,
trouxeram ao Rio Grande do Sul a "Chamarrita", esta dança era então
popular no Arquipélago dos Açores e na Ilha da Mandeira. Desde a sua
chegada ao Rio Grande do Sul, a "chamarrita" foi-se amoldando às
subsequentes gerações coreográficas, e chegou mesmo a adotar, em princípios
de nosso século, a forma de dança de pares enlaçados, como um misto de
valsa e chotes. Do Rio Grande do Sul (e de Santa Catarina) a dança passou
ao Paraná, a São Paulo, bem como às províncias argentinas de Corrientes
e Entre-Rios, onde ainda hoje são populares as variantes
"Chamarrita" e "Chamame". A corruptela
"Chimarrita" foi a denominação mais usual desta dança, entre os
campeiros do Rio Grande do Sul.
Coreografia: Em seu feitio tradicional, é dança de pares em
fileiras opostas. As fileiras se cruzam, se afastam em direções contrárias
e tornam a se aproximar, lembrando as evoluções de certas danças
tipicamente portuguesas.
Pézinho
O "Pézinho" constitui uma das mais simples e ao mesmo tempo
uma das mais belas danças gaúchas. A melodia, muito popular em Portugual e
Açores, veio a gozar de intensa popularidade no litoral dos estados de
Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
É necessário frisar que o "Pézinho"é a única dança
popular rio-grandense em que todos os dançarinos obrigatoriamente cantam, não
se limitando, portanto, à simples execução da coreografia.
Coreografia: Na primeira
figra, há uma marcação de pés, e na
segunda os pares giram em redor de si próprios, tomados pelo braço.
Rancheira de Carreirinha
A "Rancheira" constitui uma variante pampeana da
"Mazurca".
Anú
Dança típica do fandango gaúcho, o "Anú" divide-se em duas
partes totalmente distintas: uma para ser cantada, e outra para ser
sapateada. Aproxima-se bastante da "Quero-Mana", principalmente
pelo passeio cerimonioso que os pares realizam. O período que o "Anú"
gozou de maior popularidade, no Rio Grande do Sul, foi em meados do século
passado. A partir daí - tal como ocorreu com as demais danças de fandango
- foi cedendo lugar às danças de conjunto que surgiam, ou se amoldou às
características desta nova geração coreográfica: daí haverem surgido
variantes como o "anú de cadena", com nítida influência das danças
platinas sob comando. Em princípios deste século já estava em desuso na
campanha rio-grandense, permanecendo vestígios, entretanto, nos bailes dos
mais afastados rincões da Serra Geral.
Coreografia: O Anú é legítima dança de pares soltos, mas não
independentes. É dança grave (na parte cantada e nos passos cerimoniosos)
mas ao mesmo tempo viva e algo pantomímica (mais usuais) que compõe o
"Anú" rio-grandense; cada figura pode ser mandada repetir, pelo
marcante, à voz de "Outra vez que ainda não vi!"
Tatú
O "Tatú" era uma das cantigas do fandango gaúcho
(entremeiadas de sapateado). Mesmo após o desaparecimento das danças
sapateadas, continou o "Tatú" a existir, sob a forma de uma
"décima" popular em todo o Rio Grande do Sul (chama-se "décima",
neste estado, a uma história contada em versos). Devido à popularidade com
que se cantou a história do Tatú, no Rio Grande do Sul, observou-se, nessa
dança do fandango, algo bastante curioso: chegou uma época em que o
sapateado passou a se executar simultaneamente com a execução do canto -
numa exceção à regra geral de que o canto interrompe a dança no
fandango.
Coreografia: Na primeira parte, os pares, soltos, sapateiam; e
na segunda parte, cada par se toma por uma das mãos, para que a mulher gire
em torno do próprio corpo ("voltinha-do-meio").
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História
Índios
Charrua
Tribo guerreira, indômita, acantonada
sobre a Coxinha do Haedo, e dominando o rio Quaraí até o Uruguai e para
Leste até o Rio Negro. Eram nômades e derrubavam veados, avestruzes e
outros animais com suas boleadeiras de pedras.
Guarani
Habitavam as margens dos rios Jacuí, Ijuí,
Ibucuí e Alto Uruguai. Eram agricultores e viviam em grupos de duzentos
a trezentos índios. Deixaram-nos também um grande legado: o chimarrão
Ibiraiara
Viviam nos campos de cima da serra e alimentavam-se de frutas, raízes.
Minuano
Eram nômades e derrubavam veados, avestruzes e outros animais com suas boleadeiras de pedras.
Tapes
Viviam no litoral, às margens da Lagoa dos Patos e alimentavam-se basicamente da pesca
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Grandes Personagens
Políticos
Assis Brasil
Borges de Medeiros
Fernando Abbott
Flores da Cunha
Getúlio Vargas
Júlio de Castilhos
Pinheiro Machado
Silveira Jardim
Tradicionalistas
Antonio Augusto Fagundes
Advogado, compositor nascido em Alegrete. Autor de letras musicais e apresentador do programa "Galpão Crioulo".
Militar, ensaísta nascido em Santa Maria. É o patrono do
tradicionalismo gaúcho. Pioneiro da afirmação gaúcha.
Jornalista, teatrólogo, contista, folclorista nascido em Pelotas.
Deixou rica obra literária, como Contos Gauchescos, Casos do Romulado,
Lendas do Sul.
Pesquisador, folclorista, cantor e ensaísta, nascido em Livramento.
Ajudou a fundar o CT 35, publicou o "Manual de Danças Gaúchas",
extensa produção literária.
Poeta regionalista nascido em São Jerônimo. Um dos pioneiros do
Movimento Tradicionalista Gaúcho. Autor da Carta de Princípios do MTG.
Advogado, jornalista, historiador e compositor, nascido em Piratini.
Possui obra literária invejável. Foi secretário da cultura do estado,
compositor das músicas Negrinho do Pastoreio, Quero-quero, Balseiros do
Rio Uruguai, Levanta Gaúcho. Possui vários trabalhos literários.
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Contos e Lendas
A
antropologia considera a lenda como um excelente material de estudo.
Uma da razões está no fato de ela expressar nitidamente uma
hierarquização de valores e elementos mais importantes do cotidiano do
povo que a engendrou.
O Rio Grande do Sul é rico em lendas. O caldeamento das etnias que forjaram o povo gaúcho enriqueceu o repertório de nossa gente. De geração em geração elas foram repetidas. Crianças atentas escutaram velhos campeiros, negras escravas ou a "vovó", contando estórias e lendas. Nossos índios, em sua simplicidade, buscavam explicar seus usos e costumes, flores e animais, rios, lagos, através de contos que se tornaram lendas. Mas entre todas, a que mais se tornou conhecida, é sem dúvida, Negrinho do Pastoreiro , recolhida por Simões Lopes Neto. Nestes tempos em que vivemos, não é demais lembrarmos aos mais novos o conteúdo exato da lenda mais importante de nosso pago.
O Boitatá
Em
tempos mui antigos, que as gentes mal se lembram, houve
um grande dilúvio, que afogou até os cerros mais
altos. Pouca gente e poucos bichos escaparam - quase
tudo morreu. Mas a cobra-grande, chamada pelos índios
de Guaçu-boi, escapou. Tinha se enroscado no galho mais
alto da mais alta árvore e lá ficou até que a
enchente deu de si as águas empeçaram a baixar e tudo
foi serenando, serenando... Vendo aquele mundaréu de
gente e de bichos mortos, a Guaçu-boi, louca de fome,
achou o que comer. Mas - coisa estranha! - só comia os
olhos dos mortos. Diz-que os viventes, gente ou bicho,
quando morrem guardam os olhos a última luz que viram.
E foi essa luz que a Guaçu-boi foi comendo, foi
comendo... E aí, com tanta luz dentro, ela foi ficando
brilhosa, mas não de um fogo bom, quente e sem de uma
luz fria, meio azulada. E tantos olhos comeu e tanta luz
guardou, que um dia a Guaçu-boi arrebentou e morreu,
espalhando esse clarão gelado por todos os rincões. Os
índios, quando viam aquilo, assustavam-se, não mais
reconhecendo a Guaçu-boi. Diziam, cheios de medo:
"Mboi-tatá! Mboi-tatá!", que lá na língua
deles quer dizer: Cobra de fogo! Cobra de fogo! E até
hoje o Boitatá anda errante pelas noites do Rio Grande
do Sul. Ronda os cemitérios e os banhados, e de onde
sai para perseguir os campeiros. Os mais medrosos
disparam, mas para os valentes é fácil: basta
desaprilhar o laço e atirar a armada em cima do Boitatá.
Atraído pela argola do laço, ele se enrosca todo, se
quebra e se some.
A Salamanca do Jarau
No
tempo dos padres jesuítas, existia um moço sacristão no Povo de Santo Tomé,
na Argentina, do outro lado do rio Uruguai. Ele morava numa cela de pedra
nos fundos da própria igreja, na praça principal da aldeia.
Ora, num verão mui forte, com um sol de rachar, ele não conseguiu dormir a sesta. Vai então, levantou-se, assoleado e foi até a beira da lagoa refrescar-se. Levava consigo uma guampa, que usava como copo. Coisa estranha: a lagoa toda fervia e largava um vapor sufocante e qual não é a surpresa do sacristão ao ver sair d'água a própria Teiniaguá, na forma de uma lagartixa com a cabeça de fogo, colorada como um carbúnculo. Ele, homem religioso, sabia que a Teiniaguá - os padres diziam isso!- tinha partes com o Diabo Vermelho, o Anhangá-Pitã, que tentava os homens e arrastava todos para o inferno. Mas sabia também que a Teiniaguá era mulher, uma princesa moura encantada jamais tocada por homem. Aquele pelo qual se apaixonasse seria feliz para sempre. Assim, num gesto rápido, aprisionou a Teiniauá na guampa e voltou correndo para a igreja, sem se importar com o calor. Passou o dia inteiro metido na cela, inquieto, louco que chegasse a noite. Quando as sombras finalmente desceram sobre a aldeia, ele não se sofreu: destampou a guampa para ver a Teiniaguá. Aí, o milagre: a Teiniaguá se transformou na princesa moura, que sorriu para ele e pediu vinho, com os lábios vermelhos. Ora, vinho só o da Santa Missa. Louco de amor, ele não pensou duas vezes: roubou o vinho sagrado e assim, bebendo e amando, eles passaram a noite. No outro dia, o sacristão não prestava para nada. Mas, quando chegou a noite, tudo se repetiu. E assim foi até que os padres finalmente desconfiaram e numa madrugada invadiram a cela do sacristão. A princesa moura transformou-se em Teiniaguá e fugiu para as barrancas do rio Uruguai, mas o moço, embriagado pelo vinho e de amor foi preso e acorrentado. Como o crime era horrível - contra Deus e a Igreja! - foi condenado a morrer no garrote vil, na praça, diante da igreja que ele tinha profanado. No dia da execução, todo o Povo se reuniu diante da igreja de São Tomé. Então, lá das barrancas do rio Uruguai a Teiniaguá sentiu que seu amado corria perigo. Aí, com todo o poder de sua magia, começou a procurar o sacristão abrindo rombos na terra, um valos enormes, rasgando tudo. Por um desses valos ela finalmente chegou à igreja bem na hora em que o carrasco ia garrotear o sacristão. O que se viu foi um estouro muito grande, nessa hora, parecia que o mundo inteiro vinha abaixo, houve fogo, fumaça e enxofre e tudo afundou e tudo desapareceu de vista. E quando as coisas clarearam a Teiniaguá tinha libertado o sacristão e voltado com ele para as barrancas do rio Uruguai. Vai daí, atravessou o rio para o lado de cá e ficou uns três dias em São Francisco de Borja, procurando um lugar afastado onde os dois apaixonados pudessem viver em paz. Assim, foram parar no Cerro do Jarau, no Quaraim, onde descobriram uma caverna muito funda e comprida. E lá foram morar, os dois. Essa caverna, no alto do Cerro, ficou encantada. Virou Salamanca, que quer dizer "gruta mágica", a Salamanca do Jarau. Quem tivesse coragem de entrar lá, passasse 7 Provas e conseguisse sair, ficava com o corpo fechado e com sorte no amor e no dinheiro para o resto da vida. Na Salamanca do Jarau a Teiniaguá e o sacristão se tornaram os pais dos primeiros gaúchos do Rio Grande do Sul. Ah, ali vive também a Mãe do Ouro, na forma de uma enorme bola de fogo. Às vezes, nas tardes ameançando chuva, dá um grande estouro numa das cabeças do Cerro e pula uma elevação para outra. Muita gente viu..
O Negrinho do Pastoreio
No
tempo dos escravos, havia um estancieiro muito ruim, que
levava tudo por diante, a grito e a relho. Naqueles fins
de mundo, fazia o que bem entendia, sem dar satisfação
a ninguém.
Entre os escravos da estância, havia um negrinho, encarregado do pastoreio de alguns animais, coisa muito comum nos tempos em que os campos de estância não conheciam cerca de arame; quando muito alguma cerca de pedra erguida pelos próprios escravos, que não podiam ficar parados, para não pensar bobagem... No mais, os limites dos campos eram aqueles colocados por Deus Nosso Senhor: rios, cerros, lagoas. Pois de uma feita o pobre negrinho, que já vivia as maiores judiarias às mãos do patrão, perdeu um animal no pastoreio. Pra quê! Apanhou uma barbaridade atado a um palanque e depois, cai-caindo, ainda foi mandado procurar o animal extraviado. Como a noite vinha chegando, ele agarrou um toquinho de vela e uns avios de fogo, com fumo e tudo e saiu campeando. Mas nada! O toquinho acabou, o dia veio chegando e ele teve que voltar para a estância. Então foi outra vez atado ao palanque e desta vez apanhou tanto que morreu, ou pareceu morrer. Vai daí, o patrão mandou abrir a "panela" de um formigueiro e atirar lá dentro, de qualquer jeito, o pequeno corpo do negrinho, todo lanhado de laçaço e banhando em sangue. No outro dia, o patrão foi com a peonada e os escravos ver o formigueiro. Qual não é a sua surpresa ao ver o negrinho do pastoreio vivo e contente, ao lado do animal perdido. Desde aí o Negrinho do Pastoreio ficou sendo o achador das coisas extraviadas. E não cobra muito: basta acender um toquinho de vela ou atirar num cano qualquer naco de fumo.
Caverá
O
Caverá é uma região na fronteira-oeste do Rio Grande
do Sul, ouriçada de cerros, que se estende entre Rosário
do Sul e Alegrete. Na Revolução de 1923, entre os
maragatos (os revolucionários) e os chimangos (os
legalistas) o Caverá foi o santuário do caudilho
maragato Honório Lemes, justamente apelidado "O Leão
do Caverá".
Diz a lenda que a região, no passado, era território de uma triba dos Minuanos, índios bravios dos campos, ao contrário dos Tapes e Guaranis gente mais do mato. Entre esses Minuanos, destacava-se a figura de Camaco, guerreiro forte e altivo, mas vivendo uma paixão não correspondida por Ponaim, a princesinha da tribo, que só amava a própria beleza... Os melhores frutos de suas caçadas, os mais valiosos troféus de seus combates, Camaco vinha depositar aos pés de Ponaim, sem conseguir dela qualquer demonstração de amor. Um dia, achando que lhe dava uma tarefa impossível, Ponaim disse que só se casaria com Camaco se ele trouxesse a pele do Cervo Berá para forrar o leito do casamento. O Cervo Berá era um bicho encantado, com o pelo brilhante - daí o seu nome. O mato era dele: Caa-Berá, Caaverá, Caverá, finalmente. Então Camaco resolveu caçar o cervo encantado. Montando o seu melhor cavalo, armado com vários pares de boleadeiras, saiu a restrear, dizendo que só voltaria depois de caçar e courear o Cervo Berá. Depois de muitas luas, num fim de tarde ele avistou a caça tão procurada na aba do cerro. O cervo estava parado, cabeça erguida, desafiador, brilhando contra a luz do sol morrente. Sem medo, Camaco taloneou o cavalo, desprendeu da cintura um par de boleadeiras e fez as pedras zunirem, arrodeando por cima da cabeça. Então, no justo momento em que o Cervo Berá deu um salto para a frente quando o guerreiro atirou as Três Marias, houve um grande estouro no cerro e uma cerração muito forte tapou tudo. Durante três dias e três noites os outros índios campearam Camaco e seu cavalo, mas só acharam uma grande caverna que tina se rasgado na pedra dura do cerro e por onde, quem sabe, Camaco e seu cavalo tinham entrado a galope atrás do Cervo Berá para nunca mais voltar.
João
de Barro
Contam
os índios que, há muito tempo, numa tribo do sul do
Brasil, um jovem se apaixonou por uma moça de grande
beleza. Melhor dizendo: apaixonaram-se. Jaebé, o moço,
foi pedi-la em casamento. O pai dela perguntou:
- Que provas podes dar de sua força para pretender a mão da moça mais formosa da tribo? - As provas do meu amor! - respondeu o jovem. O velho gostou da resposta mas achou o jovem atrevido. Então disse: - O último pretendente de minha fila falou que ficaria cinco dias em jejum e morreu no quarto dia. - Eu digo que ficarei nove dias em jejum e não morrerei. Toda a tribo se espantou com a coragem do jovem apaixonado. O velho ordenou que se desse início à prova. Enrolaram o rapaz num pesado couro de anta e ficaram dia e noite vigiando para que ele não saísse nem fosse alimentado. A jovem apaixonada chorou e implorou à deusa Lua que o mantivesse vivo para seu amor. O tempo foi passando. Certa manhã, a filha pediu ao pai: - Já se passaram cinco dias. Não o deixe morrer. O velho respondeu: - Ele é arrogante. Falou nas forças do amor. Vamos ver o que acontece. E esperou até até a última hora do novo dia. Então ordenou: - Vamos ver o que resta do arrogante Jaebé. Quando abriram o couro da anta, Jaebé saltou ligeiro. Seu olhos brilharam, seu sorriso tinha uma luz mágica. Sua pele estava limpa e cheirava a perfume de amêndoa. Todos se espantaram. E ficaram mais espantados ainda quando o jovem, ao ver sua amada, se pôs a cantar como um pássaro enquanto seu corpo, aos poucos, se transformava num corpo de pássaro! E exatamente naquele momento, os raios do luar tocaram a jovem apaixonada, que também se viu transformada em um pássaro. E, então, ela saiu voando atrás de Jaebé, que a chamava para a floresta onde desapareceu para sempre Contam os índios que foi assim que nasceu o pássaro joão-de-barro. A prova do grande amor que uniu esses dois jovens está no cuidado com que constroem sua casa e protegem os filhotes. E os homens amam o joão-de-barro porque lembram da força de Jaebé, uma força que vinha do amor e foi maior que a morte.
São
Sepé
Sepé
era um índio valente e bom, que lutou contra os
estrangeiros para defender a terra das missões. Ele era
predestinado por Deus e São Miguel: tinha nascido com
um lunar na testa. Nas noites escuras ou em pleno
combate, o lunar de Sepé brilhava, guiando seus
soldados missioneiros. Quando ele morreu, vencido pelas
armas e o número de portugueses e espanhóis, Deus
Nosso Senhor retirou de sua testa o lunar, que colocou
no céu do pampa para ser o guia de todos os gaúchos -
é o Cruzeiro do Sul.
Fonte:
Mitos e Lendas do RS, Antonio Augusto Fagundes, ed.
Martins Livreiro
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