DIA DO GAÚCHO
Maria Luiza
Vargas Ramos
Foto: Carlos Eduardo
Teixeira (Dumbo)
Não é fácil falar sobre
o gaúcho, exatamente porque muita gente já falou e, mesmo sem esgotar o tema,
acabamos caindo no mesmo discurso da valentia, da coragem, da limpidez do olhar,
da autenticidade.
Por não entenderem as
razões que levaram os gaúchos a pegar em armas e demonstrar bravura, muita gente
os considera petulantes, exibidos, metidos a valentes. Todavia, nenhum outro
estado da união teve que brigar tanto para continuar sendo brasileiro. Até hoje
o Uruguai e a Argentina espicham o olho gordo para o pampa gaúcho,
verdadeiramente semelhante ao deles, com indisfarçável cobiça. Mas os gaúchos
são e serão sempre brasileiros.
O que é ser gaúcho afinal?
Em primeiro lugar, é ter
nascido no Rio Grande do Sul. Os gauchos
(sem acento) dos países vizinhos que me perdoem, mas para mim são
falsificados, apesar do pampa e dos costumes parecidos. Se nasceu em Alegrete ou
em Bagé então, é mais gaúcho ainda!
O verdadeiro gaúcho
conhece (e segue) todos os costumes campeiros, mesmo sem nunca ter morado numa
estância.
Diz Veríssimo que a
“termo” (garrafa térmica) deu mobilidade ao gaúcho, então a roda de chimarrão,
originária dos galpões, ganhou praças, praias, lojas, escolas, bancos, qualquer
lugar. Ele toma mate quente, inclusive, na beira da praia, com um “sol de rachar
mamão” (que o certo é mamona).
Almoço de domingo é
churrasco e o resto é perfumaria. Paleta de ovelha é a carne mais apreciada. E
só sal grosso, nada de molhos ou temperos.
Cavalo é o melhor amigo
do homem e cusco é cusco.
Gaúcho só torce para um
time, se não for para o Internacional, será para o Grêmio. E ponto. Nem a
seleção brasileira vale mais para ele que seu time do
coração.
Ser gaúcho é também
olhar com cara de pena para aquele que conta piadas em que o papel do gaúcho é
sempre o do veado. Sacudir a cabeça e pensar com seus botões: - Inveja
mata!
Guri, gurizinho,
gurizote, guria, guriazinha; doce de festa é “negrinho” e misto quente é
torrada. Pão é d’água ou sovado, além do tal “cacetinho”. Nem vou me estender
nesta área porque diferenças regionais existem no país todo e não é isso que
compõe a essência do gaúcho.
Para mim, a maior
diferença que percebo é o patriotismo exacerbado, o valor dos costumes, o
orgulho da terra e do povo. As crianças já aprendem desde pequenininhas a amar
sua terra e a preservar sua tradição. O folclore riquíssimo é cuidadosamente
passado de geração a geração, mesmo que cada vez menos os gaúchos vivam na zona
rural e mais nas cidades.
Encontramos gaúchos em
toda parte, dentro e fora do Brasil e são reconhecidos pela sua simpatia,
sorriso aberto, olhar franco, voz forte e pausada, usando “Bah” a toda hora,
como interjeição.
Agora, se em qualquer
desses lugares, bem longe do pago, de repente tocar o “Canto Alegretense”, vocês
verão que os fortes, os bravos também choram, se emocionam e morrem de saudades
da sua terra.
Parabéns gauchada por mais um 20 de
setembro!
Bom desfile!
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