São Leopoldo - RS - 26/10/2011 08h12 - Atualizado em 26/10/2011 10h57
Leopoldenses enfrentam 12 horas na fila para marcar consulta
Toda segunda-feira pessoas passam horas para conseguir hora com cardiologista.
Isabella Belli/ Da Redação
Foto: Tiago da Rosa/GES
Longa espera: moradores passam a noite na fila à espera de uma ficha
Central de Regulação até final do ano - De acordo com o secretário de Saúde, Valmor Ruaro, até o final deste ano será implantada a Central de Regulação que terá a função de organizar as agendas dos médicos e dos especialistas e ficará no prédio da Unidade Básica de Saúde Materno Infantil, no Centro. “A primeira etapa já foi concluída, que era organizar os processos internos administrativos. A segunda etapa será a implantação da Central’’, contou.
Por meio de um sistema informatizado e online, após a consulta com um clínico-geral, o próprio médico poderá marcar a consulta do paciente com um especialista, caso ele ache necessário. Assim, o paciente já terá em mãos a data, o horário e o local da consulta.
“O agendamento será via central informatizada e o cidadão sairá do atendimento do clínico com o agendamento de especialista realizado, com data e local marcado. Dessa forma, pretendemos diminuir ou eliminar as filas’’, ressaltou o secretário.
Compra e venda de lugares é comum - A prática é proibida, mas há quem preferia pagar por um lugar na fila. Os chamados guardadores de lugar chegam cedo, pegam uma boa posição na fila e depois vendem por cerca de 30 reais. A compra do lugar pode ser feita na hora ou por encomenda, já que ao final da entrega das fichas eles divulgam o serviço para aqueles que não conseguiram fazer a marcação. Segundo um guardador que não quis se identificar, eles chegam por volta das 19 horas de domingo e ficam na fila à espera das pessoas dispostas a pagar pelo lugar.
O guardador não acha que isso seja tirar proveito da situação. “Pelo menos aqui estou ganhando dinheiro honesto’’, contou ele, que carrega uma mochila com tudo que precisa usar durante a noite que fica de plantão. “Fiquei sabendo da fila porque minha tia precisou marcar uma consulta e me contou como funcionava o esquema. Trinta reais por pessoa é um valor bom. Consigo me sustentar no final do mês com este preço’’, ressaltou ele logo depois que a diarista Inês Maria Greaff, 46 anos, havia encomendado seus serviços. “É a segunda vez que venho. Cheguei aqui às 5h45 para conseguir marcar uma consulta para o meu marido que tem angioplastia e não consigo. Vou pagar sim, porque só assim para conseguir. Acho isso um absurdo.’’
Aposentado volta para casa de mãos vazias - Boa parte das pessoas que esperam na fila é idosa e já está com a saúde prejudicada. É o caso de Carlito Ramos, 72, que levou para a fila uma sacola com os remédios que deve tomar. “Tenho um marcapasso e sinto dores no peito. Acho tudo isso um desrespeito com o contribuinte’’, reclamou ele, que chegou ao local às 5h45 e precisou sair uma hora antes de casa, no Santos Dumont. Mesmo estando no meio da fila, Carlito não conseguiu ficha, assim como a dona de casa Eloni Almeida Paim, 53 anos. Por desconhecer a situação, ela entrou na fila um pouco antes das 7 horas, quando as fichas começam a ser distribuídas. “Não sabia que era assim. Já estou conformada que terei que voltar.’’
Média de espera - De acordo com a Secretaria de Saúde de São Leopoldo, o tempo de espera entre a marcação e a consulta é variável e depende da especialidade e da preferência pelo profissional e local. No Centro de Saúde da Scharlau, por exemplo, é possível marcar hoje uma consulta com um cardiologista para no máximo até segunda. Enquanto que no Centro/Fião a demora pode chegar há um mês.
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